Em 2019 Bissau vai fazer 100 anos, desde a projeção do primeiro plano de urbanização em 1919 pelo engenheiro José Guedes Quinhones. A proposta é de analisar o desenvolvimento de Bissau, caraterizando a sua evolução e as tensões que criou, nas suas três fases: i) quando foi projetada pelos colonialistas portugueses para os portugueses (1919-1973); ii) quando foi tomada dos portugueses pelos guineenses até ao fim da Guerra Civil (1974-1999); iii) e as transformações por que está a passar hoje, revelando a reconstrução da identidade nacional (desde 2000).A análise terá um especial foco na forma da gestão tradicional do território, que varia nas dezenas de sociedades étnicas guineenses, e que, não raras vezes, conflitua com a gestão política. Existem exemplos de projetos urbanos que foram alterados porque o irã, entidade sobrenatural que personifica e protege o lugar, não quis ser incomodado, o que põe a nu a conivência do poder político com determinados poderes tradicionais e religiosos. E também será focado no uso do “chão”, que quase sempre costumava ser de carácter comunitário, mas que se alterou hoje com a terra a ter um valor económico. Estes dois fatores pesam muito na forma da conceção, apropriação/rejeição e gestão do espaço.

É de crer que não se pode fazer um urbanismo ou arquitetura funcional na Guiné-Bissau sem saber como o guineense apreende essas valências e sem entender o impacto da cultura tradicional na configuração dos espaços públicos

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