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Um futuro mais justo, menos desigual e com um impacto positivo no planeta - Bauhaus 2.0


Projeto de Joana Lages e Alexandra Paio selecionado para a constituição de parceria com a New European Bauhaus.



Fotografias de Hugo Cruz


Qual a importância da construção de uma News European Bauhaus na construção de um futuro pós-pandémico?


O desafio lançado pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para a construção de uma New European Bauhaus (NEB), tem como objetivo responder aos desafios atuais do Pacto Ecológico e da construção de um futuro pós-pandémico. Com a Bauhaus como inspiração, a mítica escola fundada em em Weimar, Alemanha (1919), com impacto profundo na arte, arquitetura e design do século XX, reconhece-se que a criatividade, o pensamento crítico e a inovação são vetores essenciais para construirmos um futuro que se quer diferente: mais justo, menos desigual e com um impacto positivo no planeta.


Esta ‘Bauhaus 2.0’ dirige-se à necessidade imperativa de descarbonizar a economia e encaminhar o setor da construção para a neutralidade climática até 2050, dado que este é responsável por cerca de 40% das emissões mundiais de CO2. A pandemia, inesperada e brutal nos seus impactos, mostrou-nos também a importância dos espaços e do seu desenho, o espaço doméstico, o espaço público, o espaço para o (tele)trabalho. Alertou ainda para a crescente dificuldade em viver, pagar e manter uma habitação adequada. Um dado relevante é o aumento de 70% da população em situação de sem-abrigo na EU, apenas na última década. Estamos portanto num ponto de viragem.




Como surgiu e qual o objetivo da proposta desenvolvida pela equipa do DINÂMIA'CET-Iscte?


Acreditamos que uma iniciativa criativa e interdisciplinar, fundada no cruzamento entre arte, a cultura, a inclusão social, a ciência e a tecnologia tal como preconiza a New European Bauhaus, tem lugar num centro de investigação plural e interdisciplinar como o DINÂMIA’CET-Iscte. O centro de investigação tornou-se parceiro da NEB, com um projecto focado no desafio de vivermos juntos: TOGETHERNESS. A proposta potencia as nossas próprias investigações em curso, bem como as temáticas que partilhamos: a participação cidadã na construção e no desenho da cidade, a incorporação de metodologias digitais e não-digitais, os modelos open-source e co-construídos. Também nos aproxima o conceito de direito à cidade, da justiça espacial, e o papel da academia na produção de conhecimento comprometido com os problemas atuais da sociedade, daí a proposta conjunta para a parceria com a NEB.



Os objetivos do projeto


O projecto centra-se no conceito de co-design, uma importante mudança de paradigma relativamente ao modo como construímos espaços e lugares. Os desafios que temos pela frente são demasiado complexos para serem abordados por uma única disciplina, por um único conjunto de especialistas ou decisores. É isso que os processos de co-design trazem: uma abordagem onde as respostas são co-criadas numa partilha de saberes e de experiências onde não de desenha para mas se desenha com.


A nossa proposta para a NEB, de nome TOGETHERNESS, tem dois eixos de ação: MAPPING CO-DESIGN e ENVISIONING (UN)CERTAIN FUTURES. Se o primeiro eixo é retrospetivo e analítico, o segundo será claramente prepositivo e experimental. A partir do momento presente, olha-se para o passado democrático português, e simultaneamente na direção oposta para que, coletivamente, consigamos desenhar um caminho diferente. Um futuro belo e sustentável, e que o construamos juntos e juntas — beautiful, sustainable, together — o trinómio que serve de lema à New European Bauhaus.




Quais as etapas, acções previstas? O que podemos esperar deste projeto no que diz respeito ao envolvimento com a sociedade, com a academia e especialistas nesta área.


MAPPING CO-DESIGN, centra-se no mapeamento de experiências, projetos e processos de co-design desde o início da vida democrática em Portugal, marcando também os (quase) 50 anos do 25 de Abril. A partir de um conceito alargado e abrangente de co-design, discutiremos desde a década de 1970 com o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL) um programa de construção habitacional profundamente enraizado na participação e co-construção de casas e bairros, até aos dias de hoje com experiências de desenvolvimento local colaborativo criadas para responder à atual pandemia, como o programa em curso Bairros Saudáveis.


O mapeamento será feito de forma colaborativa e aberta, através de uma chamada de projetos, informado também por projetos de investigação em curso.

Simultaneamente, ENVISIONING (UN)CERTAIN FUTURES olha para o futuro. Através da realização de uma série de eventos, no contexto da Área Metropolitana de Lisboa, especificamente nos concelhos da Amadora, Oeiras, Almada e Barreiro, TOGERTHERNESS espera abrir uma discussão em múltiplas dimensões sobre os temas da arquitetura e da intervenção urbana, abordando a mudança e a aspiração como um catalisador para a transformação, para imaginar um futuro. Com esta seleção de cidades, heterogénea e complementar, questões sobre o habitat, a mobilidade, a cultura ou sustentabilidade, serão levadas ao terreno de forma situada com workshops e discussões, usando metodologias de sonho social (social dreaming) e narrativas visuais para a conceção de cenários futuros, num horizonte temporal para os próximos 50 anos.


Esta é uma iniciativa que se quer fortemente participada, e o nosso contributo será centrado no mapeamento, mas também na criação de possibilidades a partir dos contributos recolhidos nos lugares onde o projeto questionará qual o futuro imaginado.


O resultado deste projeto de curta duração (Maio-Outubro) será condensado num website, onde estarão disponíveis testemunhos, mapeamentos e visões de futuro, a par de um relatório, pronto a contribuir para a fase de co-design da New European Bauhaus. Encontros e publicações serão também realizados, online e offline nas cidades e bairros elegidos pelo projeto, envolvendo comunidades locais, instituições e outros atores relevantes.

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