Mesa Redonda/Debate
Inteligência Artificial: riscos e promessas
29 de novembro | 16h00 - 18h00
Auditório Paquete de Oliveira
Iscte - Instituto Universitário de Lisboa
A “Inteligência Artificial” é hoje um tema de grande actualidade constantemente abordado mos meios de comunicação social. Um exército de trabalhadores científicos ocupa-se nas várias vertentes do trabalho de investigação e desenvolvimento que ao tema dizem respeito. Os centros de decisão políticos, económicos e militares ponderam a melhor forma de tirar partido dos avanços que se vão verificando nesse domínio tecnológico no sentido de melhor servir os seus interesses nem sempre coincidentes com o interesse geral das sociedades humanas em que se inserem e cujos destinos procuram determinar.
As extraordinárias possibilidades de alterar ou influenciar o modo de vida e o quotidiano dos cidadãos que todos somos, são uma justificação forte para que se construa e alargue um debate aberto, inclusivo, sobre a natureza e as consequências possíveis do desenvolvimento acelerado a que se assiste no domínio daquilo que se chama “inteligência artificial”.
Programa
“IA & Democracia”
Luís Moniz Pereira
Nova School of Science and Technology, Universidade NOVA de Lisboa
A IA (“Inteligência Algorítmica”, designação que prefiro a “Inteligência Artificial)” constitui um potencial problema para a democracia, essencialmente por duas ordens de razões: o poder não escrutinado de quem a produz e utiliza, com a capacidade de caracterizar detalhadamente auditórios, permitindo em consequência a manipulação cirúrgica das suas crenças e valores.
Sendo o resultado do estudo e desenvolvimento da humanidade em geral, é aproveitada, com vista ao lucro monetário, pela infra-estrutura mundial financeira e respectiva ganância, em que tudo é medido pela dimensão única do retorno, sendo irrelevantes os valores das suas “externalidades” e consequências. Ao invés desses lucros serem estendidos a uma distribuição universal, e a uma diminuição da necessidade do tempo de trabalho individual, por virtude de as máquinas serem afinal escravas de toda a humanidade. Pelo contrário, a aceleração do ritmo de trabalho, a sua disponibilidade intemporal sem contestação, e a sua desvalorização tornam a humanidade mais escravizada, devido à sua cada vez maior competição com máquinas que a superam.
"Inteligência Artificial e Controlo de Armamentos: Oportunidades e Desafios"
Maria Francisca Saraiva
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa
Como tecnologia emergente e disruptiva com múltiplos usos militares, a Inteligência Artificial parece estar no centro de uma nova corrida aos armamentos. Nesta comunicação, exploramos as dificuldades de regulação desta tecnologia, pelas Nações Unidas, no quadro do controlo de armamentos.
“Os impactos da IA serão os que as sociedades quiserem”.
Ricardo Paes Mamede
DINÂMIA'CET-Iscte, Dep. de Economia Política, Instituto Universitário de Lisboa
O desenvolvimento recente da inteligência artificial desperta vários receios e há bons e maus motivos para isso. O progresso tecnológico é indissociável do desenvolvimento económico, que proporcionou ao longo dos últimos séculos as condições materiais para a melhoria das condições de vida de grande parte da população. No entanto, a relação entre progresso tecnológico e prosperidade partilhada não é linear nem automática. Não faltam na história exemplos de inovações tecnológicas marcantes que tornaram as sociedades mais desiguais e instáveis. Em última análise, são as sociedades, através das suas regras e práticas, que moldam o modo como as tecnologias as afectam. Com a IA não será diferente: ela poderá ser uma força de desigualdades acrescidas e opressão, ou um instrumento de progresso social. Tudo dependerá do que as sociedades fizerem para isso.
“A Língua Natural e a Inteligência Artificial”
Irene Pimenta Rodrigues
Departamento de Informática, Universidade de Évora
A capacidade de usar uma Língua Natural, escrita ou falada, é indiscutivelmente uma manifestação de inteligência e esse fato fez com que a investigação na área da Língua natural estivesse ligada à Inteligência Artificial desde o início da disciplina. Inicialmente, as aplicações mais conhecidas eram a tradução automática e os corretores ortográficos e gramaticais. Estas aplicações usavam recursos desenvolvidos por peritos como dicionários, regras morfológicas e regras gramaticais. Nas últimas décadas, o aumento do desempenho dos computadores, velocidade e espaço (memória e disco), viabilizou o uso de técnicas de aprendizagem automática para construir aplicações com grande impacto na população como o ChatGPT, os assistentes virtuais (o google home ou o Alexa), ou o google translate. O uso de técnicas de aprendizagem automática necessita de uma grande quantidade de dados de qualidade. O fato de nem todas as Línguas terem os mesmos recursos disponíveis (textos, dicionários, dados anotados) cria desigualdade na qualidade das aplicações disponíveis para cada Língua.
Coordenação: Ana Maria Silva, Univ.de Évora, OTC.
29 de Novembro, 16:00 às 18:00 horas, participação presencial ou por videoconferência
Iscte – Instituto Universitário de Lisboa, Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa
Edifício 1-Auditório ONE01 – Paquete de Oliveira
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