Call for Papers até 30 de junho - II Conferência Internacional Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania
- dinamia6
- há 2 dias
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Como demonstraram Michelle Perrot (1987) e Sylvie Schweitzer (2002), as mulheres sempre trabalharam. Também sempre escreveram a sua história, como afirmam Geneviève Fraisse (1979) e Françoise Thébaud (1998). E participaram igualmente de forma ativa na sociedade. Karen Offen (2000, 2010) e Florence Rochefort (2018), numa perspetiva europeia e mundial, demonstram como os feminismos agitam as sociedades no tempo e no espaço, visando a emancipação das mulheres e a luta pela igualdade entre homens e mulheres, seja no quadro do capitalismo ou numa ótica de emancipação humana, pois, como afirmou José Carlos Mariatégui (1924), o feminismo tem “várias cores, diversas tendências”.
Uma história começou em Seneca Falls, com a Convenção sobre os Direitos das Mulheres de 1848, enquadrada pela luta contra o abolicionismo e pela defesa de direitos políticos, sociais e económicos para as mulheres, reivindicações posteriormente continuadas por muitas autoras, como Mary Beard (2018) ou Françoise Vergès (2023), que pensam os feminismos a nível global.
Em Portugal, muitas mulheres das mais diversas classes sociais participaram a nível político e social, desde o século XIX e, com as Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, que se opuseram à ditadura salazarista e a ela resistiram, demonstraram o falso neutro na escrita da história e na visão sobre a humanidade, contribuindo para uma nova cidadania onde as discriminações de género fossem postas em causa e começassem a ser eliminadas.
Atravessamos atualmente uma curva extremamente apertada da História e com os tempos que se avizinham a serem de grandes desafios, nomeadamente para as mulheres, enquanto o medo se instala nas sociedades.
É neste contexto que se vai realizar a II Conferência Internacional “Mulheres, Mundos do Trabalho e Cidadania – Diferentes Olhares, Outras Perspetivas”, com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as questões inerentes ao trabalho e emprego das mulheres, bem como ao seu ativismo.
A Comissão Organizadora da conferência convida todos/as os/as interessados/as – docentes e investigadores/as dos mais variados campos do saber, ciências sociais e humanas e outros; especialistas ligados/as às questões do género; estudantes; ativistas, etc. – a participar nesta iniciativa, nela construindo um espaço de reflexão crítica e de intercâmbio de ideias alicerçadas em novas perspetivas e em novos olhares sobre os estudos das mulheres, produzindo um diálogo frutuoso, a partir de perspetivas teóricas e metodológicas diversificadas e onde enfoques centrados na interseccionalidade e numa perspetiva decolonial, bem como estudos comparativos serão bem recebidos.
Incentivamos a apresentação de propostas de comunicação nas duas grandes áreas temáticas em que a conferência se estrutura. A primeira, relativa à presença das mulheres nos mundos do trabalho, em cujo âmbito poderão ser abordados os seguintes tópicos, ainda que a eles não se restringindo:
Mundos do trabalho – local, nacional ou transnacional – numa perspetiva de género na atualidade ou historicamente;
Divisão sexual do trabalho;
Desigualdades no mercado de trabalho;
Produção e reprodução da vida e suas conexões;
Precariedade laboral no feminino;
O trabalho das mulheres em sectores ou profissões fortemente masculinizadas;
Plataformização do trabalho e género;
Prostituição: trabalho sexual a ser regulamentado ou forma de violência contra as mulheres incompatível com os direitos humanos?;
Assédios e discriminações nos locais de trabalho;
Educação das mulheres e as mulheres na ciência e na educação;
Mulheres e produção cultural – artes visuais, artes performativas, literatura, museus e património, cinema e audiovisual;
As mulheres e o mundo dos cuidados;
O trabalho das mulheres imigrantes e emigrantes;
Negociação coletiva como produtora de desigualdades ou promotora de igualdade;
Direitos das mulheres trabalhadoras;
Conciliação entre vida profissional e vida familiar;
Proteção social das mulheres trabalhadoras;
Uma segunda temática é relativa à participação cidadã, em cujo âmbito poderão ser abordados tópicos como os seguintes, ainda que a eles não se limitando:
Ação coletiva das mulheres em contexto laboral;
Mulheres, movimentos sociais e protestos;
O ativismo das mulheres durante o período revolucionário;
Mulheres e participação associativa (mutualidades, sindicatos, cooperativas, associações);
Os movimentos feministas como atores de mudança social;
Movimentos feministas, (des)institucionalização, discursos e práticas;
Feminismos e vidas de feministas – memórias e arquivos;
Os feminismos online;
Redes de ativismo nacional e/ou internacional, suas potencialidades e dificuldades;
As mulheres na resistência às ditaduras;
Género e democratização;
Políticas públicas para as mulheres e mulheres na política;
Feminismos e poderes;
As mulheres no poder;
A invisibilidade das mulheres como problema político;
As mulheres e os desafios colocados pelo crescimento do neofascismo.
Datas importantes:
Submissão de resumos e de inscrição para comunicantes – 30 de junho de 2025
Comunicação dos resultados da avaliação – 30 de julho de 2025
Data limite de inscrição para não comunicantes – 30 de setembro de 2025
Divulgação do programa definitivo – 10 de outubro de 2025
Datas da conferência – 22 (online) 23 a 25 de outubro (presencial)
A conferência realiza-se na modalidade presencial. Todavia, para que todos/as que assim o desejarem possam a ela associar-se, a Comissão Organizadora prevê, a título absolutamente excecional, a possibilidade de realização de, no máximo, três sessões à distância via plataforma Zoom, a terem lugar no dia 22 de outubro, e destinadas a quem não possa participar presencialmente, nomeadamente por dificuldade na obtenção de financiamento para a viagem.
Envio dos textos para publicação em e-book – 15 de dezembro de 2025
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